Que máquina de costura hei-de comprar?
… é a pergunta que mais me fazem. Recebo muitos emails a pedir conselhos sobre este assunto, de pessoas que querem começar a coser mas que não sabem: 1- quanto devem gastar numa primeira máquina; 2- que marca e modelo devem escolher.
Uma pessoa que começa a coser não quer gastar muito dinheiro numa máquina xpto cheia de pontos, ecrãs computorizados e acessórios extravagantes. Não faz sentido estar a comprar uma máquina caríssima quando ainda não sabemos sequer se lhe iremos dar muito uso.
Mas, como sabem, sou da opinião de que devemos sempre tentar comprar coisas de boa qualidade. Quem compra bom compra só uma vez, não é verdade? Comprar de forma consciente é uma atitude inteligente e ecológica. E mau material, para além de ter um tempo de vida útil bastante limitado (e as nossas lixeiras estão a rebentar pelas costuras), é meio caminho andado para uma vida cheia de frustrações (maus fornos/maus ingredientes = maus bolos, por exemplo).
A solução? Comprar uma máquina de costura em segunda mão.
Mas não uma máquina qualquer! Uma máquina de metal, eléctrica, dos anos 60/70/início dos anos 80. Se possível, uma Bernina. Ainda melhor se essa máquina tiver sido a máquina topo de gama da época em que foi lançada.
Uma máquina antiga de metal cose tudo e resiste a tudo. A gama de pontos pode ser mais limitada mas, sinceramente, quantas vezes usamos todos aqueles pontos mais mirabolantes?
…
Querem saber a minha experiência em relação a máquinas de costura?
A minha mãe tinha uma Singer comprada em meados dos anos 80, uma máquina de plástico bege que fez muitos cortinados e muitas colchas lá para casa (hoje em dia tem uma Bernina Quilter’s Edition mas isso é outra história). A minha avó tem uma Oliva giríssima, verde azeitona (claro!), de metal, integrada num móvel também ele muito giro. Só que essa máquina é a pedal e, verdade seja dita, quem cosia lá muito era a costureira que ia lá a casa uma vez por semana, e a quem devo muitos fatos de Carnaval. A minha avó já me tentou ensinar a trabalhar com ela, mas eu sou a pessoa mais descoordenada do mundo e não gosto nada daquela história de ter de acertar com o ritmo do pedal ao mesmo tempo que estou concentrada em coser a direito.
Ora bem, quando me comecei a entusiasmar por costura, pedi à minha mãe que me ensinasse a coser. Mas a tal Singer estava com imensos problemas de tensão, por isso acabei por receber uma máquina de costura nos anos. Escolhemos uma Pfaff Hobby 1042, que na altura custou cerca de €300. Se seguem o meu blog desde o início sabem que me fartei de coser com ela, mas rapidamente cheguei à conclusão de que precisava de uma máquina mais robusta. A Pfaff não cosia várias camadas de lona, a Pfaff tinha problemas de tensão, a Pfaff quando aquecia muito tinha de ser desligada até que conseguisse recuperar o fôlego. Francamente, eu estava a ficar farta da Pfaff. Ainda contemplei comprar uma máquina industrial em segunda mão, mas a que vi (uma Bernina, isto já em Inglaterra) era enorme e muito barulhenta. E foi nessa altura que percebi que se comprasse a melhor máquina doméstica antiga (eléctrica) que conseguisse encontrar, ficaria muitíssimo bem servida.
Passei horas na internet a fazer pesquisa e cheguei à conclusão de que tinha de tentar encontrar uma Bernina dos anos 60/70. E, passados uns tempos, consegui comprar a minha Bernina Record 830 numa loja de máquinas de costura por cerca de £250 (o mesmo preço da modesta Pfaff Hobby 1042, portanto… a Pfaff nunca deveria ter existido na minha vida… deveria era ter comprado logo uma Bernina antiga… mas quem não sabe é como quem não vê).
A Bernina Record 830 é uma máquina fantástica. Por ter sido comprada num especialista, veio a coser na perfeição. Caso tivesse sido comprada no eBay ou algo no género, teria de a ter mandado fazer uma revisão — mesmo assim, teria compensado. Já tive de a mandar arranjar uma vez (por culpa minha) e não houve problema nenhum — ainda há muitas peças e muitas pessoas que percebem destas máquinas.
A relação qualidade/preço de uma máquina antiga de qualidade é excelente. Por isso, o meu conselho é sempre este: se estiver à procura de uma primeira máquina de costura, compre uma máquina de costura antiga, a melhor que conseguir encontrar.
Which sewing machine should I buy?
… here’s a question I get asked all the time. I receive many emails asking for advice on buying a sewing machine from people who want to start sewing but who don’t know 1- how much they should spend on their first sewing machine; 2- which brand and model they should choose.
Someone who is just starting out doesn’t want to spend too much money on a fancy machine full of crazy stitches, computerised screens and extravagant accessories. It really doesn’t make much sense to splurge on something that you still don’t know if you’re going to use a lot or not.
On the other hand, I strongly believe that you should always buy things of good quality. When you buy quality you only have to buy once, right? Buying consciously is an intelligent, eco-friendly move. Poor quality stuff not only has a very limited life (and quite frankly, rubbish dumps are bursting at the seams), it also can make your life very frustrating (i.e. bad oven/bad ingredients = bad cakes).
The solution? Buy a second-hand sewing machine.
But not just any old sewing machine! Find an electric, metal sewing machine from the 1960s/1970s/early 1980s. A Bernina, if possible. Better still if that machine was top of the range when it first came out.
An old metal sewing machine is heavy-duty and reliable. It sews everything. It may not have 60 different stitch patterns but let’s be honest: how often will you actually use them?
…
Do you want to know my personal experience?
My mother had a Singer that she bought in the mid-1980s, a beige plastic machine that sewed many curtains and bedspreads for our home (nowadays she owns a Bernina Quilter’s Edition but that’s a whole other story). My grandmother has got a super cute Oliva (a classic Portuguese vintage brand), olive green (naturally!), metal, integrated in a nice wooden cupboard. But it’s a treadle machine, which was mainly used by the seamstress that used to work there once a week and to whom I own many a Carnival costume. My granny has tried teaching me how to use it but I am a joke when it comes to motor coordination and I can’t get the hang of that thing.
Well, to cut a long story short: when I discovered the wonderful world of sewing I asked my mother to teach me how to use her sewing machine. However, that sewing machine was having serious tension problems so I ended up getting a sewing machine for my birthday. We choose a Pfaff Hobby 1042 which at the time cost about €300. If you’ve been following my blog since the beginning you’ll know that I sewed a lot with that machine. But I quickly realised that I needed something stronger: the Pfaff couldn’t cope with two or three layers of canvas; the Pfaff suffered from tension problems; the Pfaff would get very hot and then I would have to turn it off and wait for it to cool down and catch its breath. Seriously, I was getting fed up with Miss Pfaff. I actually contemplated getting an industrial sewing machine but the one I looked into (a Bernina — this was already in England) was huge and very loud. And that’s when it occured to me that I would be much better served if I bought the best (electric) vintage domestic sewing machine I could find.
I spent hours online researching the subject and came to the conclusion that I would try to find a Bernina from the 60s/70s. And some months later I bought my Bernina Record 830 in a sewing machine shop for approximately £250 (roughly the same amount we payed for the Pfaff Hobby 1042… I should have skipped it entirely and gone straight for the old Bernina… but at the time I didn’t know any better).
The Bernina Record 830 is a fabulous machine. Because I bought it from a specialist it came in mint condition. Had I bought it from eBay I would have had to get it serviced but it would have still been worth it. I’ve had it repaired once (my fault) but that was no big deal as there are still parts available and people who know how to work them.
Good quality vintage sewing machines are great value for money. So my advice is this: if you’re looking for your first sewing machine, buy the best vintage machine you can find.
(photo: Constança Cabral)